Capítulo III – Deus o Único Poder


Capítulo III – Deus o Único Poder

Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus. (Isaias 44.6,) e de todo o teu poder. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Deuteronômio 6:5).

Através dos tempos, a escritura tem revelado que Deus é o único poder, mas quem aceita isto literalmente? Até mesmo na Bíblia há relatos de pessoas lutando umas contra as outras. O ensinamento da maioria dos religiosos do mundo
tem sido que há dois poderes, o poder de Deus e o poder do diabo: o poder de Deus é bom e abençoa; o poder do diabo é mau e amaldiçoa. Sempre há estes dois poderes; sempre Deus está lutando contra o diabo para o controle da alma do
homem, e sempre a questão é: quem vencerá?

Hoje é a mesma estória. Acidentes, desastres e doenças são também mensagem e missão do Mestre, que era curar os doentes, ressuscitar o morto, alimentar o faminto, e superar todo tipo de desastre? O Mestre disse, “Eu não vim destruir, mas cumprir”, assim nenhuma dessas coisas pode possivelmente ser a vontade de Deus. Na presença de Deus não há mal.

Se Deus permite o pecado, a doença e a morte que estamos
experienciando, que chance nós teríamos de sobreviver ou superá-los? Se Deus está permitindo estes males, ou se Deus é um pai humano ensinando-nos uma lição, como podemos nos erguer acima deles e retornar a casa do Pai? Desde o início de nosso estudo espiritual, aprendemos que Deus é o único poder, todo poder, e não apenas todo poder, mas todo poder bom. É então possível para o todo poder bom criar, permitir, tolerar, ou enviar o mal?

No Caminho Infinito, nós nos envolvemos no que é chamado de cura espiritual por isso devemos ter um princípio que é exato. O princípio da cura espiritual é que Deus é Amor, Deus é Vida, e Nele não há escuridão absolutamente. Ele é tão puro para contemplar a iniquidade. Mas se somos levados a acreditar que Deus tolera a doença, sabe sobre ela, permite, ou está tentando testar-nos ou castigar-nos com ela, teremos perdido toda a possibilidade de produzir uma cura. Não há como negar o fato de que o mundo hoje é composto quase que inteiramente de pecado, carência, morte, doença, limitação, guerras e rumores de guerras. Isso significa que Deus permite estas coisas? Não mais que o princípio da matemática ser o responsável por nossos erros de aritmética, nem os princípios de música ser o responsável pelos nossos erros de canto ou de execução dos instrumentos musicais.

De acordo com o Gênesis, “Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom”. Portanto, se há um diabo, Deus o fez, e então o diabo deve ser bom. É a criação do diabo como mal e Deus como bem que nos separam da harmonia física, mental, moral e financeira. Não há mistério para o mal. O ensinamento do Mestre é muito claro neste ponto:

Se alguém não estiver em mim, será lançada fora como a vara, e secará; e aquilo que colherem, será lançado no fogo e arderá. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será
feito.(João 15:6,7).

Se nós não deixamos esta Palavra habitar em nós, não devemos nos surpreender com qualquer coisa que nos aconteça, mas não temos o direito de culpar Deus. Se não estamos manifestando saúde, harmonia, e riqueza que é a nossa herança espiritual, é porque nós não estamos cumprindo os termos do acordo. O acordo é que se nós habitarmos no lugar secreto do Altíssimo, nenhum desses males se aproximará da nossa morada. Este é o princípio. Nós estamos habitando no lugar secreto do Altíssimo? Nós estamos? Nós meditamos por cinco minutos de manhã e lemos um livro por quinze minutos mais tarde no dia, e então nós pensamos que estamos permanecendo na Palavra e habitando no lugar secreto do Altíssimo. Isto não é suficiente. Nós devemos ler e estudar, meditar e ponderar, hora após hora de todo o dia até que estejamos vivendo continuamente na presença do Senhor ao lado de quem não há outro. Vamos aceitar em nossa mente um estado de consciência no qual nós concordamos que Deus é todo poder, Deus é infinito, e ao lado de Deus não há outro poder.

No capítulo 43 de Isaías nos lemos: Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi: Chamei-te pelo teu nome, tu és meu. (Isaías 43:1).

Se a partir do momento em que éramos crianças, tivessem nos ensinado esta verdade: "Não temas, porque eu te remi, chamei-te pelo teu nome; tu és meu", nós poderíamos ter conhecido o medo?

Quando passares pelas águas estarei contigo e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo não te queimarás, nem a chama arderá em ti.

Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador: dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e Seba por ti.

Enquanto foste precioso aos meus olhos, também foste glorificado, e eu te amei pelo que dei os homens por ti, e os povos pela tua alma. (Isaías 43:2-4) Não podemos facilmente imaginar o estado de consciência em que estaríamos vivendo se tivéssemos sido ensinados exclusivamente e de forma contínua ao longo da nossa infância que Deus nos ama e que Ele não permitiria que qualquer mal acontecesse sobre nós?

Agora, pois, ouve ó Jacó, servo meu, e tu ó Israel, a quem escolhi.

Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacó, servo meu, e tu, Jesurum, a quem escolhi.

Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha benção sobre os teus descendentes. (Isaías 44:1-3)

Ao longo da nossa juventude, fomos ensinados a olhar apenas para os nossos pais, mas aqui aprendemos que Deus "te formou desde o ventre". Somos filhos de Deus desde o ventre, sob a proteção de Deus, e Deus, e somente Deus, sempre tem suprido nossas necessidades e sustentado nossas atividades. Nós aprendemos que só Deus é o único poder em nossas vidas de eternidade a eternidade. Nesta compreensão, podemos ver o que teria acontecido com o diabo: nunca existiria o medo do mal ou o medo da punição. Nós teríamos encontrado o amor de Deus em vez do medo de Deus, e nunca acreditaríamos que Deus poderia virar as costas para nós.

Conhecer Deus é amar Deus. A questão de fato é, somente quando entendermos a natureza de Deus, que somos capazes de amar o Senhor nosso Deus com um amor tão grande que nem mesmo marido, esposa ou filho chegariam ao nosso coração e alma antes de Deus. Deus, então, se torna uma natureza viva, não para ser temido, mas para ser reverenciado, ser amado, ser acolhido a todo o momento de cada dia, e não apenas por uma hora no domingo. Não há um momento do dia que não possamos conscientemente manter Deus vivo em nossos corações com a lembrança de que Deus é.

Deus é a inteligência do universo, o amor do universo, o Espírito onipresente que criou, mantém e sustenta o universo. Deus é a fonte da beleza das árvores, flores e frutos. Deus é a verdadeira substância dos vegetais e dos minerais. Deus é a substância do ouro no solo, da prata, do diamante e das pérolas no mar. Deus é que preenche o mar com peixes. Deus é que preenche o ar com pássaros.

Deus está no meio de mim. Onde eu estou Deus está, e o amor de Deus está para sempre me envolvendo. Deus é a fonte de meu ser. Deus é a fonte do meu suprimento, a fonte de minha comida na mesa. Deus é que me dá força para realizar o meu trabalho. "Ele cumprirá aquilo que foi designado para mim... O Senhor aperfeiçoará o que me concerne... Ele que está dentro de mim é maior do que aquele que está no mundo", maior do que qualquer problema que há no mundo. (meditação espontânea do autor).

Há um único poder e Deus é esse poder. Não há poder no efeito e não há poder à parte de Deus. Deus é a vida de todo ser. Esta verdade tem existido em todos os tempos e tem sido conhecida por todos os povos. No poema sagrado hindu, o Bhagavad-Gita, traduzido por Sir Edwin Arnold como o belo poema épico, A Canção Celestial, podemos ler:

 “Eu digo que as armas não alcançam a vida; A chama não queima, as águas não podem sobrepujar, Nem ventos secos podem levar. Impenetrável, que não pode ser adentrada, inatingível, que não pode ser Imortal, Invisível, inefável, por palavra e por pensamento.. que não pode ser cerceada, Sempre tudo em si mesma, Assim a alma é declarada!”

Aqui novamente nós vemos que há uma vida, e Deus é esta vida; há um poder, e Deus é este poder. Uma consciência preenchida com a realização de Deus como o único poder não pode temer nada no reino dos efeitos. A maioria dos ensinamentos religiosos têm nos dado a verdade que Deus é onipotente na terra como no céu, mas um dia virá que todo joelho se dobrará a verdade, que há somente um único poder.

Todo ensinamento metafísico tem seu coração na revelação de Deus com Um. Mas o que tem acontecido a este ensinamento? Ele se perdeu em um diabo moderno - mente mortal. Seguidores de ensinamentos ortodoxos temem o diabo, e aqueles que seguem ensinamentos mais novos e modernos temem a mente mortal (mente carnal). Interpretações erradas e ignorantes da verdade prendem-nos a crença em dois poderes, mas a resposta é sempre a mesma: Deus é o único poder.  Cada um de nós em algum grau de nossa experiência humana tem aceitado dois poderes: Deus e um poder separado de Deus, um poder que algumas vezes recompensa e algumas vezes pune, um poder que algumas vezes está disponível e outras vezes não pode nos alcançar – e nós estamos pagando agora a penalidade por esta aceitação.

Precisamos nos elevar a uma dimensão mais alta da vida na qual nós vemos que não há poder em qualquer efeito; todo poder está na causa a qual produz o efeito:

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.

Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8-9).

No entanto, se não estamos espiritualmente alertas, podemos aceitar qualquer tipo de falso ensinamento ou propaganda, que nos é imposta com frequência e força suficientes. Através do hipnotismo de massa da imprensa e do rádio, todos nós temos sido vítimas de propaganda de um tipo ou de outro, mas nada disso poderia nos alcançar se somente aceitássemos o ensinamento de que Deus, o infinito invisível, é o único poder.

Em nossa corrida frenética, moderna por supremacia em armamentos e força material, torna-se necessário parar e nos perguntarmos: Onde tudo isso termina? São superioridade e tamanho tudo o que existe em relação a poder? ...Porque o homem não prevalecerá pela força. (I Samuel 2:9).

...Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa senão de Deus. (II Crônicas 20:15).

Esforçai-vos e tende bom ânimo; não temais, nem vos espanteis, por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele, porque há Um maior conosco do que com ele.

Com ele está o braço da carne, mas conosco o Senhor nosso Deus para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. E o povo descansou nas palavras de Ezequias rei de Judá. (II Crônicas 32:7,8).

Aqueles que estão materialmente atentos têm apenas o "braço da carne". Aqueles que reconhecem Deus como o único poder vivem sem medo, sem nenhuma preocupação com um poder externo, independentemente de seu tamanho. Quer se trate de uma febre alta, pobreza extrema, ou uma bomba de hidrogênio, é apenas o "braço da carne"; visto que temos o que é invisível, temos o que não pode ser tocado, pois "nenhuma arma forjada contra ti prosperará”.... Assim como Davi saiu para enfrentar Golias, armado com a fé em Deus, também podemos refutar qualquer sugestão de desarmonia pelo nosso reconhecimento de um único poder.

No sentido material da vida, a palavra “proteção” traz consigo a conotação de defesa ou armadura, de uma forma de esconderijo de um inimigo, ou de alguns meios de afastamento do perigo. Nas ciências mentais, proteção implica algum pensamento ou ideia, ou alguma forma de oração que nos livraria de um prejuízo ou dano. A palavra "proteção" sugere uma atividade destrutiva ou prejudicial, presença ou poder que existe em algum lugar a partir do qual devemos encontrar segurança. O momento em que a ideia de Deus como o Um começa a despontar na consciência, começamos a entender que em todo este mundo para aqueles que habitam no lugar secreto do Altíssimo, não há poder e não há presença dos quais necessitamos de proteção. Nós veremos isto quando debruçarmos sobre a palavra “onipresença” e compreendermos que nesta toda-presença do bem, nós estamos completamente sozinhos com a perfeita harmonia – a harmonia que impregna e permeia a consciência, e é em si mesmo a totalidade e a unidade do bem.

Vamos ponderar esta ideia e meditar sobre ela. A revelação e a garantia que isto é verdade vem para nós de dentro de nosso próprio ser: não há senão Um só, e por causa da natureza desse Um, não há nenhuma influência externa para o bem ou para o mal. Não há nenhuma presença ou poder para o qual orar por qualquer bem que já não esteja onipresente exatamente onde nós estamos. Em nossos períodos de comunhão nós sentimos a infinita presença de Deus. Não há outro poder; não há outra presença; não há influência destrutiva ou prejudicial em qualquer pessoa, lugar ou coisa; não há mal em qualquer condição. Deus é Um, e não pode estar em uma existência separada e apartada deste Um.

O Mestre disse-nos: "não há nada fora do homem que entrando nele possa contaminá-lo, mas as coisas que saem dele, isso é que contamina o homem". Nós temos aceitado a crença universal de um poder, uma presença, e uma atividade separados de Deus; nós temos aceitado a crença que alguém ou alguma coisa fora de nosso próprio ser possa ser um poder para o mal em nossa experiência, e a aceitação dessa crença quase universal provoca muito de nossas discórdias e desarmonias.

Quando nós conscientemente nos voltarmos, dia após dia, para a consciência real de Deus como um ser infinito, Deus se manifestando e se expressando como ser individual, então entenderemos completamente que todo o poder flui para fora de nós e através de nós, como uma bênção e graça para o mundo. Nenhum poder fora de nosso próprio ser age sobre nós. Deve se tornar claro para nós que nada fora de nós age sobre nós, quer para o bem ou para o mal. Assim como aprendemos que as estrelas, a criação de Deus no céu, não pode agir sobre nós, de acordo com a crença astrológica, assim nós aprendemos que a condição de tempo, clima, infecção, contágio, ou acidente não podem atuar prejudicialmente sobre aqueles que alcançaram uma medida de compreensão da natureza de Deus e da natureza do ser individual. Nós estamos conscientemente sendo lembrados que deveríamos nos tornar mais e mais cientes da natureza de Deus, a natureza da prece, a natureza do ser individual, a fim de compreendermos a nós mesmos como a descendência de Deus, de quem verdadeiramente foi dito:
Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que Eu tenho é teu”.

Temos que pensar seriamente sobre este assunto de proteção porque a cada dia somos confrontados ou ameaçados com sugestões de perigo iminente. Sempre alguma pessoa, algum lugar, ou alguma coisa está sendo apresentado como uma força destrutiva que nós tememos ou buscamos Deus para salvar-nos. Deus torna absolutamente impossível qualquer influência destrutiva ou o mal, existir em qualquer lugar - no céu, na terra, ou no inferno - por isso não vamos cometer o erro de pensar em Deus como um grande poder, que é capaz de nos salvar de uma pessoa ou influência destrutiva se apenas nós pudéssemos alcançá-Lo.

Não vamos cometer o erro comum de pensar que praticar a presença de Deus é apenas outro meio de usar Deus, ou outro método de orar para trazer a influência de Deus para nossa experiência de tal forma a superar a discórdia, o mal, o pecado e a doença. Seu propósito (da prática da presença) é trazer à consciência individual a percepção de Deus como Um. De Deus como infinito ser individual, de Deus como toda - presença e todo-poder.

A crença universal em dois poderes, bem e mal, continuará a operar em nossa consciência até que nós, individualmente – recordemos isto, você e eu, individualmente – rejeitando a crença em dois poderes. Nesta época, o pensamento protetor é a percepção que a totalidade de Deus exclui a possibilidade de qualquer fonte de mal existir no mundo ou operar na experiência individual. Nosso trabalho protetor, ou nossas orações por proteção, deve consistir na realização de que nada que existiu, existe ou existirá em qualquer lugar, em qualquer tempo, em nossa experiência do passado, do presente ou do futuro, é de uma natureza destrutiva. Através do estudo e meditação, eventualmente nós alcançaremos aquele contato com Deus dentro de nós, no qual recebemos a divina certeza, “Filho eu estou sempre contigo”, a continua garantia de Uma Presença, Um Poder, Um Ser, Uma Vida, Uma Lei na qual não há poderes do mal ou forças destrutivas. Nesta percepção da unidade nós encontramos a nossa paz.

Os estudantes deveriam levar este assunto de proteção para a meditação diária por um mês ou dois, não mencionando isto para ninguém. Eles não devem discutir isso, mas mantê-lo secreto dentro de si, até que cheguem a um lugar na consciência onde eles sentem que Deus é UM. O segredo da proteção não jaz na busca de Deus para nos salvar de algum perigo, mas certamente na compreensão que salvação, segurança e paz são dependentes da nossa recordação e realização da verdade de Deus como UM.

O mundo está buscando paz, como está buscando proteção e segurança, do lado de fora de seu próprio ser; enquanto que nenhuma paz, nenhuma proteção e nenhuma segurança serão encontradas exceto em nossa realização individual de
Deus como UM – o Único Ser, Presença e Poder. Nós não podemos dizer ao mundo acerca desta paz, proteção ou segurança; mas podemos encontrá-las para nós mesmos e, assim, deixar o mundo ver por nossa experiência, que nós encontramos um caminho maior do que a crença supersticiosa de alguma força do bem que milagrosamente nos salva de algum poder do mal. Não podemos dizer ao mundo que não há perigo, ou poderes, ou influências de fontes externas, mas a nossa compreensão desta verdade pode tornar a harmonia, plenitude e perfeição de nossas vidas tão evidenciadas que outros, um por um, virão buscar aquilo que temos encontrado.

Fora dos ensinamentos de dois poderes vêm ás filosofias que fazem os homens discordarem entre si. Não há meios de resolver estas diferenças porque essas pessoas que acreditam em dois poderes estão trabalhando a partir de uma premissa errônea, bem e mal. Sempre o bem e o mal estão lutando um com o outro. Mas o que acontece quando o homem renuncia a crença em dois poderes e descansa na consciência do Cristo? Então é quando eles começam a compreender o que o Mestre quis dizer quando disse, “Tu não terias poder nenhum contra mim, exceto se não te fosse dado do alto”.

Os místicos do mundo, quer Krishna da Índia, quer Laotsé da China, quer Jesus de Nazaré, ou João de Patmos, têm nos dado a revelação de Deus como Um. Os místicos Hebreus também conheciam a verdade quando eles ensinaram, “Ouve, Oh Israel, o Senhor nosso Deus é o Único Senhor”. Através das Escrituras nós encontramos repetidas vezes, garantias do amor de Deus por Seus filhos:

Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi: chamei-te pelo teu nome, tu és meu.

Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios eles não te submergirão; quando passares pelo fogo não te queimarás, nem a chama arderá em ti.

Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador: dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e Seba por ti.

Enquanto foste precioso aos meus olhos, também foste glorificado, e eu te amei pelo que dei os homens por ti, e os povos por tua alma.

Não temas, pois porque estou contigo: trarei a tua semente desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente.

Direi ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra; A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória; eu os formei, sim, eu os fiz.

Vós sois as minhas testemunhas diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador.

Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus.

Não vos assombreis nem temais; porventura desde então, não vo-lo fiz ouvir, e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça. (Isaías 43:1,7,10,11; 44:6-8).

E assim, repetidas vezes é revelado que Deus é o Único Deus, Deus é o Único Poder.

Todos os artífices de imagens de escultura são vaidade, e as suas cousas mais desejáveis são de nenhum préstimo; e suas mesmas testemunhas nada veem nem entendem, para que eles sejam confundidos.

Quem forma um deus, e funde uma imagem de escultura, que é de nenhum préstimo? (Isaías 44:9-10).

Cada um de nós tem uma imagem de Deus: um olha para ela e vê Buda; outro vê Jesus. Cada um de nós tem um conceito que ele pensa o que Deus é, e então ele adora e ora para este conceito, enquanto todo tempo Deus está dizendo
para nós: “Somente Eu sou Deus, não o seu conceito. Somente Eu, o Invisível, sou Deus – Eu, sozinho, sou Deus”. Devemos parar de fazer esculturas e confiar no Invisível sem forma o qual penetra e interpenetra todo o ser.

 “O Reino de Deus está dentro de vós, o lugar onde você está é solo sagrado”; mesmo que o lugar pareça, no momento, ser o inferno ou o vale da sombra e da morte, Deus está ali conosco. Nós devemos cessar esta absurda crença em Deus que pune ou recompensa, um Deus que está presente quando nós experienciamos uma cura ou uma ausência de cura. Deus nunca está ausente de nós exceto em nossa crença que há dois poderes, exceto em nosso medo de outros poderes os quais nós estabelecemos em nossa mente. Nós não tememos somente estes poderes – nós algumas vezes tememos Deus.

Na realidade há um Único Poder; não há nenhum poder no mal; não há nenhum poder no pecado; não há nenhum poder na doença; não há nenhum poder na falta ou limitação. Deus fez tudo que foi feito; e nada que Deus não fez não foi feito. O mundo parece estar preenchido com o poder da infecção, do contágio, da doença hereditária, da falta ou limitação, do poder do mal em muitas formas. É verdade que, enquanto estamos lidando com o mundo humano de uma forma humana, haverá dois poderes: o poder do bem e o poder do mal. Essa é a imagem (cena) humana. Algumas pessoas estão doentes a mais tempo do que elas estão bem. A maioria das pessoas no mundo está necessitada. Como seres humanos, nós sempre teremos leis do pecado, da doença, da falta e da limitação. Haverá dois poderes no mundo enquanto existir a consciência humana, porque ela, por si mesma, é uma “casa” dividida em duas partes, bem e mal. Um estado de existência que transcende a isso e onde esses opostos não funcionam, mas onde opera apenas um poder, uma lei, é provocado como uma atividade de consciência. Ninguém pode fazer isso por nós, exceto nós mesmos.

Deus deve se tornar uma atividade em nossa consciência, ou nós vamos lutar através da vida como seres humanos acreditando em dois poderes e experienciando bem e mal. Nós começamos com o tema que Deus É UM Só: “Ouve, Ó Israel, o Senhor nosso Deus é Um Só. ... Tu não deves ter nenhum outro deus além de mim”, nenhum outro poder, nenhuma outra lei, exceto EU. Deus é a única lei, a lei a qual mantem e sustenta a harmonia e perfeição de Sua criação todo tempo. Olhando o crescimento das árvores, nós nos maravilhamos com a lei a qual faz os brotos nascerem e florescerem a cada ano. Há uma lei em operação trazendo seus frutos. O sol, a lua, e as estrelas, e o fluxo e o refluxo das marés dão testemunho da divina lei governando o universo.

Há leis e não podem ser mudadas. Tudo que é permanente é mantido pela lei, mas as discórdias e doenças do mundo vão e vêm: elas estão sempre mudando; elas não têm permanência; elas não tem lei que as sustentem. Se a doença estivesse apoiada em uma lei, esta lei da doença não poderia se violada, e ninguém poderia jamais ser curado ou ser livre da doença. Mas a doença não é permanente. Ela pode ser curada – algumas vezes fisicamente, algumas vezes mentalmente, algumas vezes espiritualmente.

Aceitar Deus como UM é aceitar apenas uma lei, a lei de Deus, a lei do bem, sempre ativa e sempre presente em nossa experiência. Nenhuma lei nos prende a qualquer condição má.

A verdade, onipresente em minha consciência é a lei de eliminação de toda forma de discórdia em minha experiência. A lei Espiritual governa meu ser, meu corpo, minha casa, e meus negócios. A lei Espiritual governa minha consciência. A lei espiritual permeia, mantém e me sustenta. (meditação espontânea do autor).

Todos os dias somos confrontados com a tentação da morte. Não faz diferença se, o que nos está sendo dito, é sobre a morte de um amigo, um parente, ou um estranho em um país distante. Todos os dias o pensamento da morte é conscientemente trazido à nossa consciência. Mesmo que isto não nos envolva diretamente, o tema de Deus como UM deve ser trazido à lembrança consciente:

Deus é a única vida – eterna, imortal, infinita, começando e nunca terminando. Há somente um único Deus; portanto há somente uma única vida. (meditação espontânea do autor).

Muitos estudantes de metafísica, que já não mais acreditam no poder de um demônio pessoal, têm criado outro poder separado e apartado de Deus, um poder na forma de um medo supersticioso de um pensamento errado e uma fé e confiança no pensamento certo. Vamos desistir de tais ideias, agora e para todo o sempre. O pensamento humano não é poder; a mente humana não é poder. Jesus refutou tal ideia quando ele perguntou, “Qual de vós, tendo o pensamento pode acrescentar um só côvado a sua estatura” Vamos colocar a mente no seu próprio lugar como uma avenida de percepção e não uma faculdade criativa.

A faculdade criativa está oculta na Alma. Com a nossa mente nós nos tornamos cientes das verdades e leis mais profundas de Deus; mas é a Alma, a qual é Deus, que é o princípio criativo da existência. É a atividade da Alma que é
poder, e com isso o fluxo de mansidão, humildade e paciência, todas as coisas do que Paulo falou de Deus, que "o homem natural não compreende... porque lhe parece loucura: nem pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. O “homem natural” é a faculdade da razão. As coisas de Deus são recebidas pelo Espírito de Deus, a consciência de Deus, a Alma a qual está em uma “camada” mais profunda da vida do que a mente. Nós usamos a mente humana como uma avenida de percepção, mas nós reconhecemos a Alma como uma faculdade criativa.

Para a Consciência, dar algum poder para aparência é idolatria. É reconhecer um poder apartado de Deus. Devemos chegar à convicção interior de que não existe poder na aparência - qualquer que seja não importa quão boa a forma possa ser. A forma pode vir e a forma pode ir, mas o sempre, se renovando e se processando. Como seres humanos crescendo no sentido material da vida nos mantendo em escravidão a forma, e assim cometemos idolatria. Em outras palavras, nós nos curvamos, adoramos ou tememos algum tipo de aparência. Não vamos amar e odiar, ou temer o que existe no reino da aparência, porque não é poder. Uma vez que nós vemos que Deus é a única causa, nós não devemos temer “alguma outra causa”. Uma vez que nós compreendemos que Deus é a única substância, nós não devemos temer nem excesso e nem falta de substância. A Vida é uma atividade da consciência refletida no corpo, mas a Vida não é o corpo. Amor, paz, saúde, inteireza e perfeição são todas as atividades da consciência. Aí reside todo o poder.

Nós não devemos nos prender nas formas do corpo. Nós não somos o corpo; o corpo é um instrumento para nossa locomoção neste momento particular. É um instrumento para nossa atividade, mas, nós não somos o corpo. Nós não
somos os dedos, as mãos, as pernas, o coração ou o cérebro. Nós somos identidade espiritual e nós temos um corpo dado a nós por Deus, um corpo eterno nos céus. Em vez de nos prendermos nesta forma de corpo, nós devemos nos apegar à verdade de nossa verdadeira identidade, e então o corpo é mantido harmoniosamente.

O Mestre promete que, se estamos dispostos a perder nossa vida, ganharemos a vida eterna. Se pararmos de tentar entender a nossa vida, como se pudéssemos segurá-la ou perdê-la em vez perceber que toda a vida é a graça de Deus, veremos que a vida é eterna.

O ensinamento é: nunca adore o efeito; nunca odeie, tema ou ame o efeito. Adorar a forma (aparência) é ceder à idolatria. No momento que qualquer forma se torne uma necessidade em nossa experiência, somos idólatras e estaremos colocando nossa felicidade, dependência e alegria nela, em vez de no Infinito Invisível, que é a Causa. Nós devemos continuar a amar todas as coisas boas da vida, mas nunca devemos amá-las de tal forma que não estejamos dispostos a vê-la desaparecer e uma nova surgir em seu lugar. Todas as relações se trata de relações com os pais, marido, esposa ou filhos, são da nossa realização, nesta fase de nossa existência. Vamos entendê-las, amá-las e tratá-las como tal, mas lembre-se de que a nossa vida está escondida com Cristo em Deus, e não em uma forma (aparência) exterior.

De manhã até a noite, estamos diante das aparências as quais poderiam nos fazer acreditar que há um poder no efeito. É por isso que, em um mundo tão abundantemente suprido com todas as formas de bem - diamantes, pérolas, prata, petróleo, vegetais, peixes, frutas - as pessoas ainda estão orando por suprimento. Elas acreditam que todas estas formas de bem são suprimento, ao passo que o suprimento está dentro delas. Estas coisas são os efeitos do  suprimento, mas é a consciência que é a fonte do suprimento. Suprimento é espiritual, uma atividade da consciência. A princípio concordamos com isso somente intelectualmente, mas dia virá que estaremos espiritualmente discernindo, então veremos que  o depósito de suprimento está dentro, embora apareça visivelmente do lado de fora.

Nós não vemos, ouvimos, provamos, tocamos, ou cheiramos o suprimento; mas vemos a forma como ele aparece. Nós nos tornamos cientes da forma de varias substâncias as quais nosso suprimento aparece; mas perceber (realizar) que suprimento é interno, uma atividade de consciência, é tornar o nosso suprimento infinito, seja de palavras, dinheiro ou transporte. Se compreendermos que suprimento é o Espírito invisível de Deus em nós, então o efeito do suprimento aparecerá como forma. Tão rapidamente quanto nós usamos as formas que o suprimento aparece, o suprimento invisível novamente se manifestará, porque é infinito; é sempre onipresente, é o Espírito de Deus em nós, e que por Si mesmo irá reproduzir as formas que necessitamos. Já não mais vivemos de pão somente, mas da consciência da presença de Deus a qual não requer palavras, apenas descanso em Deus como Um.

Quando persistimos nisto ao longo do dia, da noite, da semana, do mês, gradualmente alcançamos um ponto onde o reconhecimento desta verdade é tão automático quanto dirigir um automóvel. Quando estamos aprendendo a dirigir um automóvel, temos que prestar atenção no nosso pé esquerdo e direito, em nossa mão esquerda e direita; mas no fim de um mês, estaremos dirigindo sem pensar em nossas mãos e pés. Assim é com a consciência da Presença de Deus, no fim de um mês, observaremos que não pensamos conscientemente sobre Deus como Um ou Deus como Vida porque esta “prática” (a Presença de Deus) já se incorporou em nossa consciência e no exato momento que uma sugestão do “mal” nos toca, ela é apagada, sem qualquer esforço consciente de nossa parte.

Agora nós aceitamos como nosso princípio: Deus é Um; Deus é a Única Lei; Deus é a Única Presença; Deus é a Única Substância; Deus é o Único Poder, e não há nenhum poder no efeito. Então na próxima respiração nós nos voltamos e damos poder a algum efeito. Que diferença faz o que a aparência possa ser, se Deus é o Único Poder? Nós realmente acreditamos que Deus é o Único Poder?

Somente Deus é Poder. Deus é Um: Um Poder, Uma Vida, Um Amor, Um Espírito, Uma Causa, o Único Ser, e a Única Fonte. Nada vem em nossa experiência, a menos que venha de Deus. A próxima vez que algo que chamamos de mal vem a nossa experiência, vamos recordar o nosso princípio e nos voltar e dizer: “Isso, também, é de Deus... se eu faço minha cama no inferno, Tu lá estás”. Mesmo quando nós descemos ao inferno, nós encontramos Deus, e encontrando Deus, o inferno se transforma em céu. Uma mudança acontece em nossa consciência no momento em que reconhecemos que nenhuma fonte, nenhuma causa, nenhum efeito, nenhum poder, nenhuma presença, e nenhum ser existe, a não ser Deus.

Praticar este princípio – hora após hora, dia após dias, por um mês ou dois, mantendo Deus como a Lei de nosso ser, Deus como a Fonte de nosso bem, Deus como a Atividade de nosso dia – muda a nossa experiência inteira. Em primeiro lugar, isso é tudo no reino da mente, mas pela prática constante, isto deixa o reino da mente e desce para o coração, para a Consciência. Nessa altura, a Consciência assume e vive a nossa experiência.

Amarás, pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. (Deuteronômio 6:5).


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