C A P Í T U L O I X
O suprimento
Parte I
O segredo do suprimento encontra-se no
capítulo décimo segundo de Lucas:
E ele disse aos seus discípulos:
"Portanto eu vos digo, não vos preocupeis com a vossa vida, com o que
haveis de comer; nem com o vosso corpo, com o que o cobrireis.
A vida é mais que o alimento, e o corpo é mais
que a vestimenta.
Considerai os corvos: eles não semeiam nem
colhem; eles não têm dispensa nem celeiro; e Deus os alimenta: quanto mais
vaieis vós que as aves?
E qual de vocês, com toda solicitude, pode
acrescentar um cúbito à sua estatura?
E se, pois, não sois capazes de fazer estas
pequenas coisas, por que vos preocupais com as outras?
Considerai os lírios, como eles crescem: eles
não fiam nem tecem; e na verdade vos digo que nem Salomão, em toda sua glória,
jamais se vestiu como um deles.
E se Deus veste assim a erva que hoje está no
campo e amanhã é lançada ao forno, quanto mais vestirá a vós, homens de pouca
fé?
Não pergunteis pois o que haveis de comer, ou
o que haveis de beber, nem andeis na dúvida.
Pois todas as gentes das nações do mundo
buscam estas coisas: e vosso Pai sabe que delas haveis mister.
Buscai antes o reino de Deus, e todas estas
coisas vos serão dadas de acréscimo.
Não temais, pequeno rebanho, pois é do agrado
do vosso Pai dar-vos o reino.”
Surge agora a questão: Como é possível
"não nos preocupar" com o dinheiro quando as prementes obrigações
devem ser satisfeitas? Como podemos confiar em Deus se ano após ano tais problemas
financeiros nos afligem, geralmente não por falha nossa? Vimos na passagem de
Lucas que o modo de resolver nossas dificuldades está em não nos preocuparmos
com o suprimento, quer seja dinheiro, alimento, roupa ou qualquer outra forma.
E o motivo pelo qual não precisamos estar ansiosos quanto a isso é que "é
do agrado do vosso Pai dar-vos o reino", uma vez que Ele "sabe que delas
haveis mister".
Para podermos entrar completamente no espírito
de confiança desta passagem inspirada das Escrituras, temos de compreender que
dinheiro não é suprimento, e sim o resultado ou efeito do suprimento. Não
existe tal coisa como suprimento de dinheiro, de roupas, de casa, de automóvel
ou alimento. Tudo isso constitui o efeito do suprimento, e se este suprimento
infinito não estivesse presente dentro de nós, nunca haveria as "coisas
dadas de acréscimo" em nossa vida. As coisas de acréscimo, naturalmente,
são estas coisas práticas como dinheiro, alimento e roupas, que são tão
necessárias neste estágio da existência.
E se dinheiro não é suprimento, que é este
então? Façamos uma pequena divagação e observemos uma laranjeira carregada de
frutos. Sabemos que as laranjas não constituem o suprimento, pois quando estas
tiverem sido comidas, vendidas ou dadas, uma nova safra começará a brotar. As
laranjas se foram, mas o suprimento continua, pois dentro da laranjeira existe
uma lei em operação. Chame-a de lei de Deus, ou lei da natureza — o nome não é
tão importante, mas o que importa é o reconhecimento da lei que atua na,
através e como laranjeira. E esta lei opera internamente — através das raízes
vêm os elementos minerais, nutrientes, água, elementos do ar; e mais a luz
solar, que são então transformados em seiva. Esta, por sua vez, caminha tronco
acima, é distribuída pelos ramos e finalmente toma expressão como flor. A seu
tempo, esta lei transforma as flores em bolotas verdes e estas se tornam
laranjas maduras. As laranjas são pois o resultado, ou o efeito da ação da lei
na, através e como laranjeira. Enquanto esta lei estiver presente, teremos laranjas.
A laranja, por si, não pode produzir outra laranja. E assim compreendemos que a lei é o suprimento e as laranjas seus
frutos, os resultados, os efeitos da lei.
Dentro
de mim e de você há também uma lei em operação — a lei da vida — e a conscientização
da presença desta lei é o nosso suprimento. O dinheiro e as coisas necessárias
à vida diária são os efeitos da conscientização da atividade da lei interior.
Esta compreensão nos permite desligar o pensamento do mundo exterior para
habitarmos na consciência da lei.
Que é esta lei, que é nosso suprimento? A
Consciência divina ou universal, a sua consciência individual — isto é a lei. E
ela é de fato a nossa consciência. Assim,
nossa consciência se torna a lei do suprimento para nós, produzindo a sua
imagem e semelhança na forma de coisas necessárias ao nosso bem-estar. E assim
como não há limites para a nossa consciência, tampouco há limites para a percepção
consciente da ação da lei e, por isso, não há limites para o nosso suprimento
em todas as suas formas.
A
Consciência divina ou universal, nossa consciência individual, é espiritual. A
atividade desta lei interior é também espiritual e, por isso, nosso suprimento,
em todas as suas formas, é espiritual, infinito, sempre presente. Aquilo que
vemos como dinheiro, alimento, vestimenta, carros ou casas representa a nossa
interpretação dessa ideia. Nossos conceitos são tão infinitos como nossa mente.
Convenhamos que, assim como não precisamos nos
preocupar com as laranjas, enquanto tivermos a fonte ou suprimento que produz
continuamente os frutos para nós, também não precisamos mais nos preocupar com
o dinheiro. Aprendamos a olhar para o dinheiro como olhamos para as folhas ou
para as laranjas, como um resultado natural e inevitável da lei que age interiormente.
Não há, de fato, razão para nos preocuparmos, mesmo quando a árvore nos pareça desfolhada,
enquanto mantivermos a consciência da verdade de que a lei continua assim operando
internamente, para nos dar os frutos de sua própria espécie. Independentemente
do estado de nossas finanças em dado momento, não fiquemos preocupados ou
aborrecidos, pois agora sabemos que a lei atua dentro de nós, através e como
nossa consciência e trabalha, quer estejamos dormindo ou despertos, para nos
prover das coisas "de acréscimo".
Aprendamos a olhar para os lírios e a nos
regozijar com a prova da presença do amor de Deus por Sua criação. Observemos
as andorinhas, quão completamente confiam na lei.
Regozijemo-nos ao ver as flores na primavera e no
verão, que nos confirmam a divina Presença. Assim como aprendemos a nos alegrar
com as belezas e generosidade da natureza sem o desejo de nos apoderar de
qualquer coisa, sem o medo de que seu suprimento não seja infinito, assim
também aprendamos a nos alegrar com o desfrute de nosso suprimento infinito —
resultado do infinito repositório em nosso interior — sem nenhum medo de que
alguma carência venha a nos perturbar.
Gozemos dessas coisas do mundo exterior sem,
contudo, considerá-las como suprimento. Nossa conscientização da presença e da
atividade da lei é nossa consciência de suprimento, e as coisas exteriores são
as formas sob as quais nossa consciência se expressa. O suprimento interno se manifesta
como as coisas externas de que necessitamos.
Parte II
Num certo instante dizemos que não devemos nos
preocupar quanto ao nosso suprimento ou a nossa saúde e, no momento seguinte,
dizemos que precisamos "orar sem cessar" e "conhecereis a verdade
e a verdade vos libertará". Embora isso pareça contraditório, ambas as
afirmações estão corretas, mas elas têm de ser compreendidas.
Há sempre uma crença de "bem humano"
em operação — uma lei de estatísticas, e dela nós extraímos nosso benefício
material. Nas vendas de porta em porta, há geralmente uma média de uma venda a
cada vinte visitas; nas propagandas de mala-direta, há um retorno médio de dois
por cento; no dirigir veículos, é dito que a regra estipula uma certa
porcentagem de acidentes; as companhias de seguro de vida possuem uma tabela de
expectativa de vida, e, baseando-se nessas médias, elas podem lhe informar a
cada instante quantos anos de vida ainda lhe restam.
Viver humanamente, isto é, seguir ao longo do
dia-a-dia permitindo que estas médias nos afetem, permitindo que crenças
humanas operem sobre nós, não é um modo de vida científico. Isso tudo faz parte
da crença em existência humana, e, a menos que façamos algo especificamente a
esse respeito, ficaremos expostos a estas chamadas leis de saúde ou econômicas.
Estas sugestões, que realmente não passam de
crenças, são tão universais que agem de modo hipnótico, e tendem a produzir
efeito sobre os menos avisados, trazendo-lhes limitações.
O que nós podemos fazer para nos manter livres
de tais sugestões e vivermos acima delas? Em primeiro lugar temos de viver em
um plano de consciência mais elevado. Tanto quanto possível, temos de nos
exercitar no conhecimento de que qualquer coisa que exista no campo do efeito,
não é uma causa, não é criativo, e não tem poder sobre nós. E isso nos leva ao importante ponto da sabedoria
espiritual: eu sou a
lei, eu sou a verdade, eu sou a vida eterna. Ora, uma vez que eu sou consciência infinita
e a lei, nada do mundo exterior pode agir sobre mim e se tornar uma lei para mim.
Não há nada que nos possa infligir sofrimento, a não ser a aceitação da ilusão
como realidade. As coisas chamadas pecado e a doença não são coisas pelas quais
temos de sofrer: são formas assumidas pelo erro. Independentemente do nome que
lhe dermos, elas são só hipnotismo, sugestões, ilusões se apresentando como
pessoas, lugares ou coisas — se mostrando como pecado, doença, necessidade ou
limitação.
Não devemos viver como se fôssemos
"efeito", com alguma coisa operando sobre nós. Lembremos de viver
como a Lei, como o Princípio do nosso ser. Podemos assumir os nossos negócios
só na medida de nossa percepção consciente de que estes são efeitos de nossa
própria consciência, a imagem e semelhança de nosso próprio ser, a manifestação
ou expressão do nosso Eu divino — e só então seremos a lei que os governa.
Temos de começar nosso dia com uma reflexão
sobre nossa verdadeira identidade. Temos de nos identificar como Espírito, como
Princípio, como a Lei que atua em nossas coisas. É coisa muito
necessária relembrar que não temos
necessidades: somos consciência espiritual, individual, mas infinita,
corporificando dentro de nós mesmos a infinitude do bem; por isso, somos o
centro, o ponto da Consciência divina que pode alimentar cinco mil pessoas a
cada dia, não usando nossa conta bancária, e sim a infinitude do bem que jorra
através de nós, assim como o fazia através de Jesus.
Não vamos de encontro às pessoas pensando no
que podemos delas obter ou no que elas possam fazer por nós — apenas vamos para
a vida como para a presença de Deus.
Ao longo do dia, quer estejamos fazendo
trabalho doméstico, dirigindo o carro, comprando ou vendendo, temos sempre de
nos conscientizar que nós somos a lei do nosso universo, o que significa sermos
a lei do amor para com todos que fazem contato conosco. Devemos lembrar conscientemente
de que todos os que entram na esfera de nosso pensamento e atividade devem ser abençoados
por este contato, pois nós somos
a lei do amor; somos a luz do mundo. Lembremos de que não precisamos de coisa nenhuma,
pois que somos a lei do suprimento em ação —
podemos alimentar "cinco mil" daqueles que ainda não sabem de sua
verdadeira identidade.
Existe a crença da separação entre nós e Deus
— nosso bem — e nós a corrigimos quando reconhecemos que "Eu e o Pai somos
um; tudo o que o Pai tem é meu; o lugar onde eu estou é terra santa". No
reconhecimento da infinitude do nosso ser, percebemos as verdades da Bíblia, percebemos
a verdade de suas promessas. Já não se trata de citações, mas de afirmações de
fatos, e isto nos traz até a linha demarcatória entre "conhecer a
verdade" e "não nos preocupar".
Percebemos agora a verdade como algo assentado
em nossa própria consciência — a realidade do nosso ser. Não nos preocupamos em
atrair algum bem; não estamos nos dando algum tratamento para que nos aconteça
algo, mas percebemos a verdade, a realidade de nossa identidade, de nossa
unidade com o Infinito, com nossas infinitas possibilidades. A razão para
perceber e conhecermos esta verdade é que através dos tempos sempre nos
reconhecemos apenas como homens — como algo diferente de ser divino — e a menos
que, diária e conscientemente, lembremos da verdadeira natureza do nosso ser, recairemos sob a crença geral de que somos algo separado
e longe de Deus.
Existe uma crença de que estamos separados das
pessoas, que na realidade são parte de nosso ser como um todo; ou a ideia de
que sejamos separados e distantes de certas ideias espirituais necessárias à
nossa auto-realização, ideias que se apresentam como pessoas, textos, lar,
amizades ou oportunidades. Esta crença de separação nós corrigimos com a
percepção de que nossa unidade com Deus constitui nossa unidade com cada uma
das ideias. Temos um bom exemplo com o telefone. Através do meu telefone eu
posso fazer contato com qualquer outro telefone ou lugar do mundo, mas não
posso falar nem ao meu vizinho pelo telefone sem que a ligação passe pela
central. Se então eu estabelecer meu contato com a central, serei um com todos
os telefones. Pelo conhecimento de nossa unidade com Deus, o Princípio
infinito, o Amor, encontramos e manifestamos nossa unidade com todas as ideias
necessárias à expansão de nossa "completeza".
Nunca esqueçamos de que não podemos viver
cientificamente como homens ou como ideia, mas que devemos perceber que somos
Vida, Verdade e Amor. Devemos aceitar a revelação de Jesus sobre o "Eu
sou" até que se torne realizada em nós.
Paremos de tentar aplicar a Verdade: tal
tentativa de aplicar a Verdade nada mais é que uma ação do pensamento humano. A
Verdade é infinita e, por isso, não há nada a que possamos aplicá-la.
Ela é a realidade do ser, e não há nada
exterior ou interior sobre o que ela possa agir: a Verdade age e trabalha por
si própria, ou seja, é auto operante.
Estamos
todos envolvidos em atividades que aparentemente fazem o suprimento vir até
nós. Independentemente de se tratar de um negócio, uma profissão ou uma arte, o
que está em atividade é Consciência. Vista desse modo, nossa atividade é amorosa e inteligentemente
dirigida e amparada. E mesmo mais do que isso: como uma emanação da
Consciência, é a Consciência em Si mesma
manifestando individualmente o próprio ser,
natureza e caráter. A direção está a Seu cargo, e só a Consciência é
responsável. Aprendemos
a não nos envolver e a deixar que Deus, a Consciência,
assuma Suas responsabilidades.
Lemos na Bíblia sobre os esforços e
atribulações de Elias. Se o acompanharmos pelo capítulo dezoito de I Reis, compreenderemos
que apenas a consciência da presença de Deus, do Espírito dentro dele, poderia
ter feito aquelas grandes coisas. Nenhum poder humano poderia tê-lo conseguido.
No capítulo dezenove encontramos o desânimo
despontar naquilo que aparece como o fracasso do ministério de Elias. Na
realidade, esta foi uma oportunidade dada a Elias para que comprovasse que o
poder não era de um ser humano, mas que era de fato o poder de Deus se manifestando
como em homem, Deus se mostrando como ser individual.
O alimento preparado para Elias sob o zimbro,
era sua própria percepção da presença de Deus se mostrando em forma tangível.
Neste capítulo dezenove de I Reis, chegamos à
grande mensagem do versículo dezoito:
"Também conservei em Israel sete mil:
todos os joelhos que não se dobraram diante de Baal, e toda boca que o não
beijou."
Note aqui que Deus não salvou sete mil para
Elias, mas para Si mesmo — para Deus na aparência de Elias.
Qualquer que seja a nossa atividade —
negócios, profissão ou arte — Deus, a Consciência do indivíduo, sempre terá
guardado os sete mil (leia completeza) para si próprio, e quando aprendermos a
ouvir a "pequena voz silenciosa" que falou para Elias, nós, também,
seremos levados para o reconhecimento e a compensação pelo nosso trabalho. Existimos como Consciência individual; por isso,
tudo o que se faz necessário à nossa auto-realização está contido na Consciência
infinita que nós somos.
Deus se
expressa, de modo individual, como sendo você, e a sua habilidade é de fato a habilidade
de Deus; sua atividade é de fato a atividade da Consciência, da Vida; por isso,
a responsabilidade por você é responsabilidade de Deus. Obtenha esta consciência da presença de Deus e
terá todo o segredo do sucesso em todo o curso da vida.
Como consciência espiritual individual, temos
preparado para nós os sete mil (completeza), isto é, Deus, a Consciência do ser
individual, a sua Consciência, tem lhe dado suas habilidades e capacidades
individuais e, desse modo, tem lhe proporcionado as oportunidades e as
recompensas. E estas aparecem para preencher cada situação.
Lembremos
sempre de que Deus, nossa Consciência individual, preparou para nós tudo o que é
necessário para a realização de nossa experiência pessoal. Nunca estamos fora
da harmonia do ser de Deus. Cultivemos,
a qualquer momento, a percepção da presença de Deus.
É a nossa união consciente com Deus que nos
capacita a viver sem preocupações e torna possível uma vida de abundância —
pela graça.
Há um liame invisível entre todos nós. Não
estamos na terra para trocar coisas, mas para compartilhar os tesouros
espirituais que são de Deus. Nosso interesse em cada outro ser humano é, na
verdade, puramente espiritual. Nossa finalidade de vida é o desdobramento do
Espírito em nosso íntimo.
Olhando da altura do ponto de vista
espiritual, nós não vemos os outros como homens ou mulheres, como ricos ou
pobres, grandes ou humildes. Todos os valores humanos ficam submersos no nosso
interesse comum em buscar e encontrar o Reino interior. Vemos aos outros como
viajores na senda da Luz; dividimos nosso desenvolvimento, nossas experiências
e nossos recursos espirituais. Nunca esconderíamos tudo isso dos outros.
Assim
não há inveja ou ciúmes daquilo que os outros alcançam espiritualmente. Que
fique bem claro que qualquer coisa que tenhamos em termos de suprimento,
posição, prestígio ou poder, saúde, beleza ou riqueza é presente de Deus e, por
isso, igualmente disponível a todos na medida de sua abertura de consciência —
e compreendemos agora como podemos derramar nosso amor impessoal sobre o mundo
dos homens.
Clareemos a visão: qualquer coisa que os outros
possuam, mesmo aquilo que parece um bem material, é apenas a expressão do seu
estado de consciência, e seria impossível invejar as posses alheias ou mesmo
desejá-las. O primeiro passo para
viver pela Graça, na paz universal, deve começar com a compreensão de que tudo
que alguém possa ter pertence ao Pai, isto é, tudo o que alguém possui e tudo que alguém possa vir a possuir é o jorrar de
sua própria consciência infinita.
Somos
todos "co-herdeiros com o Cristo" em Deus; por isso, todos nós
sacamos dos recursos de nossa própria consciência e de nossa Alma, e não
precisamos de trabalhosa luta para isso, que já é divinamente nosso. E tudo que
alguém possua, a qualquer momento, mesmo aquilo que pareça ter algum valor
humano, é o desdobramento de seu próprio estado de consciência e, por isso,
pertence apenas a ele. Aquilo que temos é o resultado da frutificação do nosso
próprio estado de consciência; e aquilo que ainda não conseguimos representa
nossa falta de união consciente com Deus, nossa Consciência infinita.
Podemos ter o quanto desejarmos de qualquer coisa
dilatando os limites da nossa compreensão e percepção. Nada
do que podemos obter dos outros será realmente nosso, mesmo que o tenhamos
obtido legalmente; ainda pertenceria àquele cuja consciência o gerou. O que é
nosso é nosso pela eternidade, mas nosso apenas por ser o nosso estado de
consciência em expressão.
Tudo o que o Pai tem, minha própria Consciência
infinita, é meu.
A percepção desta verdade daria a todos os
homens a possibilidade de viver juntos em um mundo de harmonia, de alegria e de
sucesso — sem medo uns dos outros, sem inveja ou cobiça. Estaríamos de volta ao
Jardim do Éden. Viveríamos sem preocupações, ou seja, pela Graça. Este mundo
constitui o reconhecimento da vida como presente de Deus — como o livre fluxo
da nossa consciência. Revelaria o invisível laço espiritual que nos une na
eterna fraternidade de Amor. Resolveria para sempre o problema do suprimento, e
portanto estabeleceria o reino da paz sobre a terra.
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