Capitulo XI - O novo horizonte


C A P I T U L O X I
O novo horizonte

O sentido que nos apresenta quadros de discórdia, desarmonia, doenças ou morte é o sono hipnótico universal que gera todo o sonho da existência humana. Temos de entender que não há mais realidade numa existência humana harmoniosa do que em condições desarmônicas. Devemos entender que todo o cenário humano não passa de sugestão hipnótica, e nós temos de nos colocar acima dos desejos, mesmo de boas condições humanas. Compreendamos por completo que a sugestão, a crença ou a hipnose são a substância ou o tecido de todo o universo mortal e que as condições humanas, quer boas quer más, são quadros de sonho, sem qualquer realidade ou permanência. Estejamos prontos a aceitar que as condições, harmoniosas ou não, da existência mortal desapareçam de nossa vida, para que a Realidade possa ser conhecida, usufruída e vivida.

Acima desta vida dos sentidos, há o Universo do Espírito governado pelo Amor, povoado pelos filhos de Deus que vivem na casa ou no templo da Verdade. Este mundo é real e permanente; sua substância é a eterna Consciência. Nele não se percebe desarmonia nem bens efêmeros e materiais.

O primeiro lampejo da Realidade — do Reino da Alma — nos chega com a percepção e o reconhecimento do fato de que todas as condições e experiências temporais são produto de autohipnose. Com a conscientização de que todo o cenário humano — quer seja o bem, quer seja o mal — é ilusório, temos a primeira visão do mundo da criação de Deus e dos filhos de Deus que habitam o reino espiritual.

Agora, neste momento de elevação de consciência, conseguimos ver, embora difusamente, a nós mesmos livres das leis mortais, materiais, humanas e legais. Vêmo-nos separados e afastados da escravidão dos sentidos, e vislumbramos em parte as ilimitadas fronteiras da Vida eterna e da infinita Consciência. Os grilhões da existência finita começam a cair; os rótulos começam a desaparecer.

Nosso pensamento não mais se delonga na felicidade ou na prosperidade humanas, nem resta qualquer preocupação quanto à saúde ou à moradia. A maior e mais ampla visão está agora em foco. A liberdade do ser divino tornou-se agora visível.

A experiência, no início, é como se observássemos o mundo desaparecer no horizonte e desvanecer diante de nós. Não há apego para com este mundo, não há desejo de nele nos manter — provavelmente devido em grande parte ao fato de que tal experiência não ocorre até que tenha sido superado o desejo pelas "coisas deste mundo". Há um sentimento do tipo "Não me toques; eu ainda não 'subi para meu pai' — estou ainda entre dois mundos; não me toques nem me faça falar sobre isso, pois isso poderia me arrastar para trás. Deixe-me livre para a ascensão; quando então estiver completamente livre da hipnose e de suas miragens, eu contarei muitas coisas que os olhos nunca viram e os ouvidos nunca ouviram".

Uma ilusão universal ata-nos à terra, às condições temporais. Perceba, compreenda isso, pois apenas através dessa compreensão podemos começar a soltar de nós suas amarras. Quanto mais fascinados estivermos com as boas condições humanas e quanto maior for o nosso desejo das coisas boas da "carne", mais intensa é a ilusão. À medida que nosso pensamento se focaliza em Deus, nas coisas do Espírito, maior é a liberdade que obtemos das limitações. Não pensemos nem nas discórdias nem nas harmonias deste mundo. Não temamos o mal nem amemos o bem da existência humana. Na medida em que conseguimos isso, diminui a influência mesmérica sobre nossa vida. Começam a se desfazer os laços terrenos; as cadeias da limitação caem; as condições de erro cedem lugar à harmonia espiritual; a morte dá lugar à vida eterna.

A primeira visão do céu do aqui e agora é o começo de nossa ascensão. Esta ascensão é agora entendida como um subir para além das condições e experiências "deste mundo", e nós contemplamos as "muitas moradas" preparadas para nós na Consciência espiritual — na conscientização da Realidade.

Já não estamos presos à evidência dos sentidos físicos nem limitados ao suprimento visível; não estamos circunscritos a vínculos ou prisões; não estamos atados por laços visíveis de tempo e espaço. Nosso bem flui do reino invisível e infinito do Espírito, da Alma, para nossa imediata compreensão. Não julguemos nosso bem pela chamada evidência dos sentidos. A compreensão instantânea de tudo o que podemos usar para ter uma vida abundante, surge dos inesgotáveis recursos de nossa Alma. Nenhuma das coisas boas nos é negada quando olhamos acima das evidências físicas, para o grande Invisível. Olhe para o alto, para o alto! O reino dos céus está próximo!

Eu destruo em ti o sentido de limitação como uma evidência de Minha presença e de Minha influência sobre tua vida. Eu — o teu Eu — estou bem no meio de ti e revelo a harmonia e infinitude da existência espiritual. Eu — o teu Eu — nunca um sentido pessoal de eu — nunca uma pessoa, mas o teu Eu — estou sempre contigo. Ergue os olhos!




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