C A P Í T U L O X I I
A nova Jerusalém
“As primeiras coisas passaram" adiante e "todas as
coisas se tornaram novas... e embora eu fosse cego, agora eu vejo", e não
"através de um vidro embaçado", mas "face a face". Sim, mesmo
em meu corpo de carne, eu vi Deus. As montanhas se afastaram, e já não há
horizonte pois a luz do céu torna claras todas as coisas.
Por longo tempo te procurei, oh Jerusalém, mas
só agora meus pés de peregrino tocaram o chão do paraíso. Não há mais lugares
desertos. Diante de mim estão terras férteis, como jamais eu sonhei. Oh! Na
verdade "lá nunca haverá noite". Sua glória brilha como o sol do
meio-dia, e lá não precisa de luz, pois o próprio Deus é a luz.
Sento
para descansar. À sombra das árvores eu descanso, e encontro a minha paz em Ti.
Na Tua graça está a paz, ó Senhor! Eu andava exausto pelo mundo — em Ti
encontrei o repouso. Eu estava perdido na densa floresta das palavras; na letra da verdade havia cansaço e
medo, e só no Teu Espírito há sombra, água e repouso.
Quão
longe estive vagando do Teu Espírito, ó Terno e Real, quão longe, quão longe!
Como estive profundamente perdido no emaranhado de palavras, palavras,
palavras! Mas agora voltei, e em Teu Espírito encontrarei minha vida, minha
paz, meu vigor. Teu Espírito é o pão da vida, e encontrando-o, nunca mais terei
fome. Teu Espírito é uma nascente de água, e dela bebendo, nunca mais terei
sede.
Como um
viajor cansado procurei por Ti, e agora meu cansaço se foi. Teu Espírito montou
uma tenda para mim, e em sua fresca sombra me deixo ficar; a paz enche minha
Alma. Tua presença me encheu de paz. Teu amor colocou diante de mim um banquete
do Espírito. Sim, Teu Espírito é meu repouso, um oásis no deserto das palavras
da verdade.
Em Ti
quero me refugiar do ruído do mundo dos argumentos; em Tua consciência
encontrar sossego da língua maligna dos homens. Eles repartem a Tua vestimenta,
ó Senhor da Paz, eles se engalfinham por Tua Palavra — sim, até que se tornem
apenas palavras, e não mais a Palavra.
Como mendigo busquei o novo céu e a nova
terra, e Tu me fizestes herdeiro de tudo.
Como poderia eu estar diante de Ti, senão em
silêncio? Como poderia eu Te honrar, senão na meditação do meu coração?
Graças e elogios não Te aprazem, mas recebes
um coração compreensivo.
Quero ficar em silêncio diante de Ti. Minha Alma,
meu Espírito e meu silêncio serão a Tua morada. Teu Espírito preenche minha
meditação, me edifica e me preserva por inteiro. Ó Tu, Terno e Verdadeiro, meu
lar está em Ti.
Posfácio do editor
A Editora Martin Claret sente-se profissionalmente realizada em
poder oferecer ao seu leitor mais esta preciosa obra do curador espiritual
norte-americano Joel S. Goldsmith. Em 1972 já havíamos publicado, de sua
autoria, A Arte de Curar pelo Espírito, na tradução de nosso principal
editando, o filósofo e educador brasileiro, professor Huberto Rohden. Aliás,
Rohden é o introdutor de Goldsmith no Brasil. A Arte de Curar pelo Espírito,
publicada agora nesta coleção, está já na 11ª edição. Proximamente iremos
incluir na mesma coleção outra obra de Goldsmith — O Trovejar do Silêncio —,
também publicada por nós em outro formato.
* * *
Quem era Joel S. Goldsmith? Um instrutor de
religião? Um curador espiritual? Um guru dos tempos modernos? Ele era tudo isso
e muito mais. Goldsmith era um iluminado. Um mensageiro espiritual. Por mais de
quarenta anos, curou espiritualmente milhares de pessoas doentes da alma e do
corpo.
Joel S. Goldsmith era americano, de origem
judaica. Até a metade de sua vida foi um comum homem de negócios (ele morreu em
1964). Por muitos anos, foi um instrutor-praticante do movimento religioso
Ciência Cristã. Goldsmith não possuía nenhuma cultura filosófica, nem fizera estudos
superiores de espécie alguma. Era guiado por sua profunda intuição e vocação de
professor espiritual. Percorreu o mundo, a pedido de seus pacientes, realizando
curas espirituais.
Nos últimos anos de sua vida, viveu em
Honolulu, capital do Havaí. Produziu mais de trinta livros, a maioria traduzida
para outras línguas.
Goldsmith vai além de Teilhard de Chardin, o
qual, como teólogo, não teve a coragem de afirmar 100% a imanência de Deus em
todas as coisas.
O Caminho Infinito é o único livro propriamente escrito pelo
curador americano; suas outras obras, cerca de trinta livros, eram
"extraídas" de suas palestras, conferências e das cartas que ele enviava
mensalmente a milhares de pessoas.
O filósofo e educador brasileiro, Huberto
Rohden, primeiro tradutor de Goldsmith para nossa língua, ao conceituar o
trabalho do autor diz as seguintes palavras: "O segredo da mensagem de Goldsmith
está em conscientizar a presença de Deus em nós".
O Caminho Infinito trata verticalmente deste assunto. São palavras
do autor: "Somos um universo unido sem limites físicos, rendemos serviços
a Deus, sem cerimonial nem credo. Os iluminados caminham sem medo — pela
Graça".
* * *
Na condição de legatário da obra literária de
Huberto Rohden e editor de três livros de Joel S. Goldsmith, ao posfaciar esta
obra do famoso curador, sinto-me altamente motivado a transcrever — a título do
verdadeiro posfácio — o texto de autoria de Rohden: "Experiência de Deus —
e nada mais!"
Esta mensagem de Rohden é a essência da
mensagem de Goldsmith: a busca da iluminação espiritual. Experiência de Deus —
e nada mais!*
Nada há no mundo que possa libertar o homem e
a humanidade da insegurança do seu destino e dar-lhe uma sólida razão de ser.
Nem o mais verdadeiro e mais alto conceito de Deus — oriental ou ocidental,
cristão ou pagão, judeu, católico, protestante ou muçulmano —, nada pode
libertar o homem da permanente insegurança e incerteza do seu destino, nada,
exceto uma coisa só — a experiência direta de Deus. Esta, sim, põe termo
a todas as incertezas e angústias, a todas as dúvidas e infelicidades. Enquanto
não houver no mundo número suficiente de homens que tenham a
experiência de Deus, nenhuma mudança
ponderável será possível no seio da humanidade.
Há milhares de anos que há religiões no mundo,
centenas e centenas, mas nenhuma religião, antiga ou moderna, conseguiu dar paz
e felicidade à Humanidade como tal, embora alguns homens individuais tenham
alcançado essa felicidade.
A experiência de Deus é um fenômeno
essencialmente individual, místico, nunca social; não existe nenhuma
religião organizada que possa dar ao homem essa experiência. O próprio cristianismo,
assim como ficou conhecido no curso da história, não pode dar ao homem essa experiência.
O Cristo não fundou o Cristianismo por nós conhecido; não organizou nenhuma
Igreja no sentido social — mostrou o caminho individual por onde cada ser
humano pode adquirir a experiência íntima de que "eu e o Pai somos um...
eu estou no Pai, e o Pai está em mim". Ekklesía (em latim ecclesia,
em português igreja) é um termo não de massa, mas de elite. A verdadeira Ekklesía
(de ek-kaléo, evocar) consta de pequena escola ou elite dos que foram
"evocados", selecionados da grande massa anônima dos profanos; os que
foram individualmente evocados ou
chamados pela graça para um contato especial
com a Divindade; são os "iniciados nos mistérios do reino de Deus".
As religiões sociais, organizadas, são
necessárias para reprimir, na medida do possível, o egoísmo humano desencadeado
pelo despertar do ego físico-mental-emocional, pela persona do ego. Mas
o papel da religião social não é dar ao homem a experiência de Deus, que é um
fenômeno essencialmente individual, místico, inacessível a qualquer
organização. As religiões organizadas, ético-sociais, têm dado à humanidade
muitas coisas boas — moralidade, caridade, assistência social, literatura,
música, pintura, arte em geral —, mas nenhuma religião deu, nem jamais dará ao
homem aquilo de que ele mais necessita, a "única coisa necessária", a
experiência de Deus. Quando o homem tem essa experiência, pode dispensar todas
as outras coisas como supérfluas ou secundárias; se não tem essa experiência,
nenhuma dessas outras coisas resolve o problema central de sua existência.
O problema central da existência humana é ser
feliz. Mas essa felicidade não deve depender de algo que não dependa dele;
não deve ser criada por circunstâncias externas, e sim deve brotar da profundeza
interna do próprio homem. Felicidade, ou pseudofelicidade, criada por
circunstâncias externas, pode ser também destruída por essas circunstâncias; é
precária e incerta, e por isso não é verdadeira e duradoura felicidade.
Ser feliz vem de ser bom.
Mas há dois modos de ser bom: pode o homem ser
sacrificialmente bom — e pode ser jubilosamente bom. Somente esse
segundo tipo de ser bom é que resolve, definitivamente, o problema central da
felicidade humana. Enquanto o ser bom ainda for difícil, amargo, sacrificial, está
o homem a caminho da felicidade, mas ainda não é solidamente feliz. Enquanto o homem
da terra não fizer a vontade de Deus assim como o fazem os homens dos
céus — isto é, espontânea e jubilosamente — não está garantida a felicidade
do homem.
Mas esse cumprimento da vontade de Deus, assim
na terra como nos céus, é impossível ao homem que não tenha experiência íntima
e direta de Deus — porque essa experiência de Deus * Fonte: O Caminho da
Felicidade, Huberto Rohden, Editora Martin Claret, São Paulo, SP, 1992 coincide
com a experiência do verdadeiro Eu do próprio homem. Se é verdade que esse Eu
central do homem é "o espírito de Deus que habita no homem", no dizer
de São Paulo, ou "o reino de Deus dentro do homem", então a
experiência do nosso divino Eu é a experiência do próprio Deus. O Deus imanente
ao homem é o Deus transcendente do Universo.
O homem que chega a essa experiência vital
chegou ao conhecimento da verdade — da verdade libertadora. E só esse homem é
sólida e irrevogavelmente feliz. Sem essa experiência o homem é infeliz, no
meio de todos os seus gozos. Com essa experiência o homem é feliz, mesmo no
meio de sofrimentos. Felicidade ou infelicidade são estados do Eu central, são
algo que o homem é, e não algo que ele apenas tenha. A perfeita harmonia
do Eu humano com a Realidade divina é a felicidade. Somente o homem,
individualmente, pode-se fazer feliz ou infeliz.
Í N D I C E
Prefácio.................................................................................................4
Dedicatória...........................................................................................8
Prefácio.................................................................................................9
Palavras de um colaborador...............................................................11
Introdução
........................................................................................
12
Prefácio do autor...,...........................................................................
15
Cap. I: Assumindo a imortalidade ....................................................
17
Cap. II: Iluminação espiritual...........................................................
21
Cap. III: O Cristo
..............................................................................25
Cap. IV: Nossa verdadeira
existência...............................................30
Cap. V: A
alma..................................................................................36
Cap. VI: A meditação ........................................................................40
Cap. VII: A oração .............................................................................43
Cap. VIII: A cura metafísica .............................................................46
Cap. IX: O suprimento
.....................................................................52
Cap. X: Sabedorias do caminho infinito ...........................................58
Cap. XI: O novo
horizonte.................................................................72
Cap. XII: A nova Jerusalém..............................................................74
Posfácio do editor
............................................................................75
Esclarecimentos:
Este instrumento de trabalho tem por principal
objetivo explorar a leitura, trazendo ao leitor a oportunidade de refletir e de
confrontar-se com o texto. Ao nos depararmos com uma obra literária, não
podemos desconsiderar o universo contextual do autor e o tipo de reprodução que
ele realiza. Passado e presente, estilos individuais, de época, conceitos e
preconceitos, tudo deve ser confrontado e analisado para entrarmos em contato
profundo com uma obra. Por mais que a arte queira sobreviver por si própria,
ela se tornará vazia e sem sentido se não trouxer marcas de humanidade. A
Editora Martin Claret tem como lema "pensar é causar", e lhe convida
a trilhar os horizontes pedagógicos que aí estão para fazê-lo "ser
mais" e "causar" — e isso quer dizer, operar transformações
pessoais e sociais.
Sobre o autor e a obra
"Ninguém possui uma mensagem pessoal. Não
existe o que chamaríamos de mensageiro de Deus. Deus é Seu próprio mensageiro e
aparece à consciência humana no exato instante da demonstração". Nessas
palavras de Goldsmith, que falam por si, podemos sentir sua obra e os caminhos
que a ela seguem. Os pontos básicos dessa obra de Goldsmith são a natureza de
Deus, a natureza do ser individual e a natureza da ilusão. Embora suas
mensagens sejam fruto de revelações espirituais, o autor nunca
particularizou-as, procurando demonstrar ao leitor que a reflexão o levaria ao
verdadeiro conhecimento de Deus. A leitura dessa obra nos revela que a cura
para nossos males está dentro de nós mesmos; ao encontrar nosso espírito
podemos conseguir o alívio para as dores que atormentam nossa alma. O
Caminho Infinito é o início de uma caminhada que poderá levá-lo além dos
horizontes, além do que os olhos podem ver e bem perto da verdade de nossa
alma. Ler é transformar-se. Leia mais para ser mais. Boa leitura.
Reflexões:
1. Por que razão o autor afirma que a teoria de fazermos parte da
existência de dois mundos consiste em um de nossos principais erros para a
compreensão da questão da imortalidade?
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2. Qual o verdadeiro significado da expressão: "receber a
palavra no coração", tão conhecida pelos leitores da Bíblia?
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3. Quando nos aparece, pela primeira vez, o caminho para a evolução
espiritual?
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4. O que significam para você essas palavras: "É difícil de se
entender: doando nosso pão, nos tornamos mais fortes; dando nossas roupas aos
outros, ganhamos em formosura; fundando moradas de pureza e verdade, adquirimos
grandes tesouros".
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5. Argumente, segundo a visão do autor, a seguinte afirmação sobre
a imortalidade: "A morte é a crença de que a consciência perde a percepção
do seu corpo. A imortalidade é a compreensão da verdade de que a consciência
está eternamente ciente de sua própria identidade, corpo, forma ou expressão.".
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6. Como devemos, segundo Goldsmith, entender a palavra consciência?
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7. Qual a nossa verdadeira existência?
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8. Quando realmente compreendemos: "Ama teu próximo como a ti
mesmo."?
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9. Qual o verdadeiro poder da oração?
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10. De acordo com a obra, como podemos entender a frase: 'O reino de
Deus está dentro de
nós"?
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11. Faça uma breve reflexão sobre a imortalidade, tomando como base
seus próprios conceitos, e argumente os conceitos trabalhados pelo autor nesta
obra.
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________________________________________________Veja mais, aqui
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